Chiron,
que desde 2011 estava em Peixes ingressa em Áries neste dia 17 de abril, por
onde permanecerá até setembro, mas depois de uma retrogradação curta a Peixes
ao final do ano, seguirá por Áries de 2019 por mais 7 anos. Na astronomia,
Chiron é considerado um centauro, nome que é dado a um corpo celeste que ao
mesmo tempo possui característica de asteroide e de cometa. Não à toa, um
simbolismo de polaridade ou duplicidade é associado a ele, inclusive numa
relação ao próprio signo de Sagitário. Na mitologia, ele é o herói ferido,
associado ao poder de cura, mas não da própria ferida. Particularmente, associo
com o potencial em lidar de forma hábil com alguma questão, mas que nem sempre é explorado a sua melhor maneira ou não parece tão prazeroso assim para se lidar. Como um aprendizado a nossa própria individualidade. Também é um distanciamento da zona de conforto ou a vontade de ter sucesso ou ser feliz através de uma outra forma a qual é diferente da mais fácil. É como o cantor de uma banda que tem mais qualidade cantando sozinho, mas faz mais sucesso ao cantar na banda que o lançou. Também o que não foi bem sucedido em algum tema de forma prática, mas sabe passar a teoria como um técnico ou consultor. O planeta e a casa do dispositor de Chiron pode ajudar no entendimento para sua melhor direção no mapa. Em um signo ou
casa, há indicações de temas que mesclam mais de uma característica de ambos,
positiva e desafiadora, numa mesma situação.
Às vezes é frequente a quem tem Chiron na
primeira casa por exemplo, em ser requisitada a algo mais do que realmente
sabe, especialmente por experiências que tenha obtido ou por confiança que
possa proporcionar. Ou de alguém com Chiron na casa 10 ser lembrado pela
expertise profissional que tem, mas que atua em outra área pela alternância ou
não sequência de ramos que se envolveu. Ou com Chiron na casa 2, capaz de lidar
com questões financeiras e de negócios com dinamismo onde trabalha, mas ganhar
de outra forma ou não da maneira que merece. Ou Chiron na casa 3 ter
experiências de irmãos por parte de pai, adotivos ou intensidade no vínculo com
irmãos. Representar bem uma ideia, pensamento ou até a letra de uma música
mesmo sem ser seu criador. Ou o contrário, criar um pensamento, escrito ou
composições para ser representado por outro. Ou Chiron na casa 4 ser pai ou mãe
que assume a criação ou que vivem um desenvolvimento de aprendizado em família
por alguma questão, seja como padrasto, madrasta ou com pai ou mãe de criação.
Apenas alguns exemplos com base em clientes e mapas analisados.
Vale
lembrar que Chiron é um corpo celeste localizado entre Saturno e Urano, o
primeiro associado a estruturas e padrões, enquanto o segundo simboliza a
quebra de padrões, revoluções e inovações. Sua órbita irregular faz com que ele
tenha a condição de estar bem próximo a um e ao outro anos depois. Saturno é o
último que podemos ver a olho nú. Urano o primeiro que transcende a capacidade
de visão. Chiron estar entre os dois tem um simbolismo de potencial para nos
libertarmos de padrões, mas às vezes uma certa contradição e desafios em função
de vínculos que os envolve.
Numa
visão coletiva, Chiron envolve certa dualidade momentânea do signo por onde ele
transita, além de uma alternância de padrões. Nos anos de 1960, quando esteve
em Peixes, era comum a relação de manifestações criativas e musicais
relacionadas ao uso de drogas ou vícios associadas a grandes nomes artísticos e
da música, bem como a algumas referências simbólicas e espirituais vinculadas
ao cenário cultural. Como se uma mudança de padrão mental existisse para
que um dom ou potencial fosse expressado. Ou também como se as dores,
sofrimentos, ilusões e misticismo fossem canais para tais manifestações.
Quem
viveu os anos da década de 1960 sempre manifesta a lembrança de um período
mágico, especialmente pelas referências musicais, culturais e artísticas, mas
também de sofrimento com as questões que envolviam a arte, como a repressão que
ocorria no Brasil ou impactos mundiais como a guerra fria e do Vietnã. A
lembrar, Chiron em Peixes formou conjunção com Saturno entre 1965 e 1967, fator
associado a austeridade em confronto ao criativo, uma referência as questões
que ocorriam pelo mundo, como o movimento Hippie, o lema americano do
"faça amor não faça guerra" em um contraponto a guerra do Vietnã,
consequência de uma guerra fria e psicológica entre russos e americanos,
assim como o golpe militar no Brasil, repressão a artistas e manifestações
simbólicas de protesto. Se falarmos em manifestações simbólicas, manifestações
artísticas e guerras psicológicas de poder, fica evidenciada uma atmosfera
pisciana do momento Saturno-Chiron em Peixes.
Neste período, ambos também formavam
oposição a Urano e Plutão em Virgem. Claro que Saturno em Peixes com estas
oposições por si só já enfatiza uma imposição de ideais padronizados com certa
austeridade. A presença de Chiron em Peixes durante esta época reforçou
evidencias de mentes altamente criativas e referências culturais que
praticamente se tornaram mitos até hoje.
Esta última passagem de Chiron
por Peixes entre 2010 e 2018 foi marcada pela conjunção a Netuno, especialmente
até 2014. Não é difícil associar com o que vemos nos tempos atuais em outras
referências a este signo. Nos costumes, acentuou
algumas formas mais imaginárias e visuais de relação. As imagens nos recursos
tecnológicos ganharam uma condição diferente com ênfase das selfies, das fotos
de tudo que se faz na rotina, dos escritos através de imagens, de termos como
"stories" de Instagram, "digital influence", youtubers que
falam de tudo em vídeos - seja de forma educativa ou mesmo em "fake News” -
e a maior proximidade por vídeo das pessoas distantes. Conjunção de Chiron com
Netuno também ocorreu na época dos registros de invenção do telefone
complementada por Plutão em Gêmeos pelos anos de 1875 a 1890, se somarmos as
sequências das duas posições. Um simbolismo de falar ou contatar quem não está
presente.
Nos
tempos atuais, criou-se uma rotina para vermos pessoas desconhecidas numa
tela visual ao vivo ou gravada praticamente como ritual. A moça dirige um carro
no trânsito de São Paulo e fala os horóscopos aos seus seguidores ou receitas
para o almoço de amanhã em canal de youtube, além de dicas de maquiagem ou para
o vestibular. Isso sem falar nos 100 milhões de pessoas pelo mundo que utilizam
aplicativos para serem escolhidas e escolherem as melhores imagens de outras
pessoas, como se estivesse em um catálogo da Avon, até sincronizarem para
desenvolver conversa, paquera e mesmo vínculo afetivo. A maioria de forma escondida,
reforçando a tônica pisciana deste momento com as passagens de Chiron e
supervisão de Netuno em Peixes.
Também podemos associar as
suspeitas de armas químicas usadas pelos Estados Unidos na guerra da Síria, os
sinais da Guerra Fria que ressurge, assim como foi quando tivemos Chiron em
conjunção a Netuno em meados dos anos de 1940 e com Chiron por Peixes na década
de 1960. Acrescentamos a este período recente os sinais de ufanismo pelas
questões políticas em qualquer lado, seja no Brasil ou mundo a fora, os
escândalos de padres vindo à tona na igreja católica, além da
"Oshomania" e os "Prens alguma coisa", como referências de
inspiração espiritual. Vale lembrar que Chiron tem uma associação também com a
referência de conhecimento, cura ou direcionado ou que serve de
referência.
Chiron em Áries
Chiron
esteve em Áries durante períodos pós conflitos, especialmente no Brasil que o
tem neste signo em seu mapa de independência. Passou por Áries após a Guerra do
Paraguai, pela década de 1870. Também após a primeira guerra mundial no período
do tenentismo, na primeira metade da década de 1920, movimento militar com
grande ênfase de tenentes dispostos a intervir politicamente no poder do país.
Um outro momento foi após o golpe militar nos anos 60 (a partir de 1968),
curiosamente quando parte de militares provenientes do Tenentismo eram os
Generais que governaram o Brasil, um simbolismo do retorno deste ciclo. Neste
simbolismo, é possível associá-lo a uma espécie de disputa por força,
soberania, consumação de liderança e a algumas lutas. No início dos anos 70
havia maior popularidade do regime militar e o chamado milagre brasileiro com o
crescimento econômico (mas concentrado a minorias), em contraste com a outra
referência ariana que era o uso da violência e força para censurar meios de
comunicação, bem como a tortura de líderes culturais ou políticos. A indústria
automotiva teve maior ampliação com quatro grandes montadoras, além do sucesso
do futebol brasileiro na copa de 1970 e os primeiros sucessos da fórmula 1,
fatores que até melhoram a popularidade do governo militar.
Antes de atingir o ingresso em Áries, Chiron
neste ano de 2018 - mesmo em Peixes - já formou conjunção com Plutão em Áries
do mapa astral de independência do Brasil, o qual já apresentou sinais em fatos
como a morte misteriosa de figura política, de General causando polêmica em
opinião sobre decisões do judiciário, militar presidenciável com destaque na
candidatura e real chance de eleição, intervenção militar do atual governo ao
Rio de Janeiro impedindo reformas no Brasil, além da prisão de ex presidente.
Certamente haverá maior confirmação, auditoria e surpresas nas questões dos
crimes financeiros e um novo momento de costume econômico com o retorno de
Chiron a Áries e a casa 2 do Brasil, especialmente com ampliação do
empreendedorismo, dos home- offices, home Works e de mais referências pioneiras,
como uma consumação do que foi inovado nesta passagem de Urano por Áries nos
últimos 7 anos.
No passado, pelo mundo,
também fez parte de um céu astrológico que sinalizou alguns pioneirismos, desde
o homem algumas vezes chegando a Lua, o Rock progressivo, o punk e movimentos
musicais que manifestavam a individualidade de uma cultura, como hip hop, disco
e as canções de protesto no Brasil contra a ditadura. Mesmo o movimento hippie
que aos anos 60 era um pouco mais associado a paz e amor, ao All we need is
love dos Beatles e da San Francisco do Scott Mckenzie (do verão de amor e das
flores no cabelo) quando ingressou em Áries lembramos de Jimi Hendrix e Janis
Joplin onde uma conotação um pouco mais ariana de sexualidade e protesto passou
a ser mais intensa. Tivemos o surgimento da primeira comunicação de
computadores por dados ao final da década de 1960, dos primeiros
microprocessadores e vídeo games já ao início dos anos de 1970.
Seu
ingresso em Áries nos tempos atuais é indicativo para percebermos um pouco mais
a nossa individualidade e o quanto estamos pensando em nós, seja demais ou de
menos. Uma oportunidade para o início de potenciais que temos e nunca
exploramos como deveríamos, além de uma mudança de postura diante das questões
coletivas que envolviam uma certa fantasia ou alienação a ponto de ter
provocado afastamentos ou renuncias nos últimos anos com a passagem de Chiron
em Peixes, o qual retorna trânsito por alguns meses a este signo entre setembro
deste ano e fevereiro do ano que vem, quando reingressa e permanece por Áries
até 2026.
Guilherme Salviano