Quando piscianos ultrapassavam Ayrton Senna

Desde a infância, a Fórmula 1 sempre foi um assunto o qual eu era aficionado e, por curiosidade, procurei observar o temperamento de alguns ídolos pilotos com sua configuração astrológica. A princípio, não ia muito longe a não ser desvendar o signo solar, já que o acesso maior que possuía eram apenas as datas de nascimento dos condutores das Mclarens, Williams, Lótus e todos aqueles mitológicos carros que sempre levavam meus olhos a 300 por hora.

Dentre várias curiosas situações de corridas que assisti, lembro de um episódio protagonizado por Ayrton Senna e Alain Prost que me chamou a atenção na época de garoto, mas que anos depois, fui descobrir detalhes, e por que não dizer, as possíveis razões astrológicas pela qual ocorreu.


Era domingo, 15 de Maio de 1988, Grande Prêmio de Mônaco, e para você que não acompanha Fórmula 1, é aquela pista de rua dentro do principado muito estreita onde dificilmente ocorrem ultrapassagens e também há um túnel no trajeto. Com quase 12 anos não tinha a mínima noção de Astrologia. Vivia a Fórmula 1 como se fosse um mapa astral que a toda hora tomava a minha atenção.


Neste dia em Mônaco, Senna era o líder da corrida, uma soberania Ariana de comandante em sua Mclaren número 12. Ele que havia ganhado a mesma corrida no ano anterior com a Lótus - um carro menos competitivo - e começava a sua trajetória de vitórias na carreira. Para se ter uma idéia, Senna venceria todos os anos seguintes nas ruas de Mônaco enquanto vivo, de 1989 até 1993. Porém, justamente a de 1988, quando foi Campeão pela primeira vez, ele não venceu.


O detalhe nesta prova era nada menos que a presença de seu maior rival em toda a carreira, o francês Alain Prost, Pisciano, com Lua em Peixes, Ascendente em Gêmeos e Mercúrio em Aquário no Meio do Céu em trígono com o Ascendente, além de Marte em Áries formando trígono com Plutão. Na trajetória da Fórmula 1, o francês não tinha a agressividade, a ousadia e nem a genialidade de Senna. Mas tinha uma outra genialidade diferente do brasileiro e que foi mostrada neste dia: A psicológica.


Era comum na carreira, ouvir as declarações públicas de Prost para desestabilizar companheiros de equipe e mesmo exercer influência política para privilégios onde ele trabalhava, apesar que, na trajetória de Senna, isso também foi comum, mas não com a mesma sutileza e, digamos, capacidade política de Prost.


Senna, além de ariano, nasceu com Ascendente em Aquário, Marte angular no Ascendente e uma conjunção Lua/Saturno em Capricórnio, o que refletia na frieza emocional diante dos obstáculos e responsabilidades na pista. A energia aquariana muitas vezes fazia de Ayrton mais rápido e até extraindo mais da capacidade do que os carros que conduziu poderia oferecer. Um exemplo da sua capacidade, durante testes no início da carreira, Senna percebeu ao dar algumas voltas que havia duas libras a mais em seus pneus, que estavam mal calibrados por parte dos mecânicos. O que foi precisamente comprovado depois ao fazer a medição dos mesmos.


Em Mônaco, na corrida de 1988, a liderança de Senna era tranqüila. Prost era o terceiro colocado até assumir a segunda colocação ultrapassando Berger, mas estava há mais de 50 segundos atrás de Senna, uma enorme diferença, praticamente impossível de ser alcançada. Ainda que alcançasse, não custa lembrar, a corrida era em Mônaco, circuito em que ultrapassar era pouco provável e mais ainda se o piloto a frente fosse um certo Ayrton Senna. Foi aí que entrou em ação os ruídos de Mercúrio de Prost:


Faltavam 15 voltas, o francês acelerava e estava mais rápido que Senna na pista. Prost, também era da Mclaren e companheiro de equipe do brasileiro em 1988. Tinham o mesmo equipamento e o francês se comunicava constantemente com os boxes pelo rádio do carro para saber a distância sobre Senna, de certo, até para que a equipe o deixasse por dentro de sua velocidade no rádio de seu carro, ainda que não viesse a alcançá-lo.


Na volta seguinte, Prost também não poupou velocidade. As informações chegavam até Senna pelo rádio e mesmo sem necessidade, o brasileiro mordeu a isca do Peixe francês que além de caçá-lo, queria Pescá-lo.


Foi então que Senna deu uma volta tão rápida que quebrou o recorde de velocidade da pista em toda a história até então. Prost soube da velocidade e resolveu não acelerar tanto. O chefe, Ron Dennis, avisou a Senna pelo rádio para poupar o carro, pois Prost também havia reduzido a velocidade, inclusive avisando pelo rádio.


Mesmo com a enorme vantagem e com velocidade “mais moderada” do que em voltas anteriores, Senna bateu em uma mureta de proteção antes do acesso ao túnel, há pouco mais de 10 voltas para o final, jogando toda a vantagem e a corrida fora. Tempos depois, Ron Dennis, chefe da equipe Mclaren declarou que Senna causou um sofrimento mental a si próprio ao conduzir de forma “menos veloz” do que no fundo queria ser, quando induzido indiretamente pelo ritmo de Prost.


Melhor para o francês, que naquele dia venceu a corrida com ajuda do rádio na estratégia bem peculiar de seu Mercúrio regente do mapa natal e ainda astro mais elevado no mapa, somado ao seu estratégico Marte/Plutão em trígono e também a sensibilidade pisciana, capaz de tirar o gênio ariano da corrida e da sua concentração pela vitória.


De certo, Senna evoluiu na sua pilotagem e na concentração com o passar dos anos, tornando-se um dos maiores da história, mas os duelos com o pisciano francês e seus ruídos de Mercúrio, certamente ensinaram que sem paciência e concentração, até um pisciano com fama de medroso pode ultrapassar um ariano em uma corrida, ainda que o Ariano seja Ayrton Senna.



Guilherme Salviano